quinta-feira, 29 de maio de 2008

UM FRATRICÍDIO

(KAFKA, Franz. “Um Fratricídio” IN: Os 100 melhores contos de crime e mistério da Literatura Universal. Org. COSTA, Flávio Moreira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p.190-1)

As evidências mostram que o crime foi cometido da seguinte maneira:

Schmar, o assassino, tomou seu lugar perto das nove horas de uma noite de luar na esquina onde Wese, sua vítima, ia virar da rua onde ficava seu escritório para a rua onde ele vivia.

O ar da noite espalhava o frio. Mesmo assim, Schmar vestia apenas uma roupa azul leve; a jaqueta estava desabotoada, ainda por cima. Ele não sentia frio; além disso, ele se movimentava o tempo todo. Sua arma, metade uma baioneta e metade uma faca de cozinha, restava firme na sua mão, quase nua. Ele olhou para a faca contra a luz da lua. A lâmina brilhou; não tanto para Schmar; ele pressionou-a contra o tijolo da parede e as faíscas brilharam; talvez tenha se arrependido disso; e para remendar seu gesto deslizou-a como um arco de violino contra a sola da bota, inclinando-se para frente, ficando numa perna só, e ouviu tanto o afiar da faca na sua bota quanto qualquer ruído vindo daquele lado da rua.

Por que Pallas, o cidadão que estava olhando tudo pela janela próxima do segundo andar, permitiu que aquilo acontecesse? Enigmáticos são os mistérios do ser humano! Com seu colarinho fora de lugar, o cinto da camisola em volta do seu corpo arredondado, ficou olhando para baixo, balançando a cabeça.

E cinco casas além dali, no lado oposto da rua, a Sra.Wese, com um casaco de pele de raposa por sobre a roupa de dormir, espichou o pescoço para ver se seu marido chegava, pois ele estava atrasado naquela noite.

Finalmente soou o apito no escritório de Wese, alto demais para um apito, sobre a cidade e nos céus, e Wese, o dedicado trabalhador noturno, saiu do prédio, invisível ainda naquela rua, apenas anunciado pelo som do apito; de repente o andar registrou seus passos tranqüilos.

Pallas debruço-se mais para fora; ele nem pensava em perder um movimento. A Sra.Wese, animada pelo apito, fechou sua janela com um estrondo. Mas Schmar se ajoelhou; por ter todo o resto do corpo coberto, pressionou apenas seu rosto e suas mãos contra a parede; enquanto tudo o mais ficava gelado, Schmar se acendia de calor.

Bem na esquina que dividia as duas ruas, Wese fazia uma pausa, apenas sua bengala parecia vir da outra rua, apoiando-o. um frêmito súbito. O céu da noite convidava-o, com sua escuridão azul e dourada. Sem saber, ele fixou os olhos no céu, sem querer, levantou o chapéu e mexeu nos cabelos; nada lá em cima uniu-se em algum lugar padrão de sinalização que interpretasse o futuro para ele; tudo permanecia no seu lugar inescrutável e sem sentido. Em si mesmo, era uma ação razoável que Wese continuasse caminhando em direção à faca de Schmar.

“Wese!”, gritou Schmar, ficando na ponta dos pés, seu braço se mexendo, a faca rispidamente abaixada, “Wese! Você nunca mais vai ver Júlia!” E o braço direito na garganta e outra vez na garganta e uma terceira vez enfiando na barriga a faca de Schmar fez sua trajetória. Liquido jorrou, ferida aberta, originando o som emitido por Wese.

“Feito”, disse Schmar, e esfregou a faca, agora uma lâmina supérflua e pingando sangue, contra a parede mais próxima. “A felicidade do assassinato! O alívio, o êxtase que cresce do jorro do sangue alheio! Wese, velho pássaro noturno, amigo, colega de botequim, você está se desvanecendo no escuro do chão desta rua. Por que não é você apenas uma poça de sangue de modo que eu poderia pisar em você e fazer com que você desaparecesse no vazio? Nem tudo que queremos se transforma em realidade, nem todos os sonhos que florescem se transformam em frutos, sua solidez paira aqui já indiferente a um simples chute. Qual o sentido da tola pergunta que você me faz?”

Pallas, chocado, abriu a porta dupla de sua casa e ali ficou à espera. “Schmar! Schmar! Eu vi tudo, não perdi nada.” Pallas e Schmar se examinaram mutuamente com os olhos. O resultado da sondagem deixou Pallas satisfeito e Schmar não chegou a nenhuma conclusão.

A Sra.Wese, com um bando de gente à sua volta, apareceu correndo, seu rosto envelheceu consideravelmente com o choque. Seu casaco de pele aberto balançava, ela desmaiou em cima de Wese, o corpo jogado na noite que pertencia a Wese, o casaco de pele espalhado por cima do casal como as macias flores de uma tumba que pertence à multidão.

Schmar, lutando com dificuldade contra sua própria náusea, pressionou a boca contra o ombro do agente de polícia que, se desviando levemente dele, deixou-o escapar.

12 comentários:

Yukari Eizuru disse...

Oi gente! Sou Yukari.
Quando eu li este conto pela primenra vez, tive medo e minha cabeça estava cheia de perguntas. Eu ainda não entendo porque Schmar tinha que matar Wese. Parece que Schmar tem ódio. Eu não sabia o que significa a paravra “fratricídio” e vi meu dicionário. Ele disse que assassínio de irmão. Será que Schmar e Wese eram irmãos, ou amigos muito íntimos como se fossem irmãos?
Eu também não entendo por que Pallas deixou Schmar assasinar Wese. Ele tinha que chamar a polícia ou parar o assasínio.

Vou ler mais uma vez e tentar entender melhor antes da aula★★

Até!

Yukari

Linda Liu disse...

Olá, gente! Sou Linda.

Depois de ler o conto por duas vezes, eu estava pensando as relações dos papels que aparenceram
no conto, eu achei assim:

Os mais importante papels são:
★Schmar, o assassino
★Wese, a vítima
(O titúlo implicou as relações deles, mas eu tive mesma pergunta como Yukari, “Será que Schmar e Wese eram irmãos, ou amigos muito íntimos como se fossem irmãos? ”)

Outros papels são:
☆Pallas, unica testemulha (Eu não concordei que Yukari pensou “Pallas deixou Schmar assasinar Wese!” , na minha opinião, o Pallas só é uma testemulha que viu o flagrante de crime, ele morava perto da casa do Wese e conheciu o assassino, Schmar e a vítima, Wese.)
☆Sra.Wese, com certeza, a mulher do Wese
☆Júlia, um papel místico, no conto só tem uma frase fala sobre ela, “Wese! Você nunca mais vai ver Júlia”, além disso, não tem mais palavras que falam sobre ela, mas eu adivinhei que ela seja a causa do “fratricídio”, talvez ela seja a mulher de Schmar e a amante do Wese.

Não com certeza, minha adivinhação seja certo ou não, eu consegui este resultado acord com as indicações seguites: As palavras sobre o casal Wese implicou que eles são muito ricos, por exemplo, “o dedicado trabalhador noturno” e “a Sra.Wese, com um casaco de pele de raposa por sobre a roupa de dormir” e a frase “ Wese, velho pássaro noturno, amigo, colega de botequim” talvez queria implicar o Wese pareca um playboy, então as são basicas condicões para Wese seja o amante da Júlia possivelmente. “ Qual o sentido da tola pergunta que você me faz?” implicou que entre eles tivesse ódio, eu achei que o ódio venha de problemas de amor com possível.

No conto eu não consegui nenhuma outra indicação sobre o motivo de fratricídio além de que
eu falei acima. Quero saber a resposta na nossa proxima aula.

Até amanha!

Linda

Linda Liu disse...

Agora eu tenho uma dúvida sobre Pallas depois de comentar acima, se só fosse a testemunha, por que as frases descreveu isso:

"permitiu que aquilo acontecesse?","ali ficou à espera" e "O resultado da sondagem deixou Pallas satisfeito ", o author só quis fazer o canto mais colarado ou quis falar outra coisa?
Qeum pode me ajudar sobre minha dúvida?

Obrigada!

Linda!

eugenia disse...

oi~! tudo bem? eu estou com frio agora.. T.T
eu concordo com yukari. no primeiro eu na~o entendi. so' eu entendi que o homem vai matar Wese com sua arma. mas na sengunda, eu busquei o diciona'rio o que significa "fratricidio". e logo eu estava com surpressa. e tenia medo e imagina que como Schmar matou a sua irma~
na segunda pagina disse que Schmar tenia alegria com assessinato. e' muito estranho. e tambem eu na~o entendi que apenas Pallas viu todo o acontecimento, mas ele na~o disse nada para a policia. porque?
e eu tenho pergunata. por que Scahmar queria matar ela? e quando ele matou a Wese, ele gritou que voce nunca vai ver julia. quem e julia? enta~o eu acho que nos temos muitas perguntas a respeito esse conto. vamos conversar mais!!
beijinho!! ^^*

eugenia disse...

Tenho uma pergunta mais. eu acho que Wese e uma mulher. mas linda disse que julia e' uma amante do wese e mulher do Schmar? enta~o elas sa~o gay? (na~o me lembro o que chama o caso dos mulheres.)

Linda Liu disse...

Oi, Eugênia,

Até eu sei no este conto, existe dois "Wese", eles são um casal. Um é Senhor Wese, foi matado pelo Schmar; Outra é Senhora Wese, é esposa do Senhor Wese, estava esperando seu marido voltar para casa no conto.

"Júlia é uma amante do Wese e mulher do Schmar" só minha adivinhação sobre o motivo de “fratricídio” depois de ler o conto. Eu também não tenho certeza.
rsrsrs!

Boa noite, guria!

Até amanha!

Linda

Eric Maxime disse...

Olá! Eu gostei isso conta por que eu acho que entengei todo a historia. Schmar matou Wese quando Palla assistou. Schmar, com certeza, foi muito irritado com Wese sobre Julia. Não sei por que.
Isso conta teve muito detalhes mas eles foi explicado em um jeito simples e eu tive um foto deste ato em minha cabeça.
Obrigado para isso conto!

doce de coracao disse...

Oi gente ,eu sou kriss~~~~ãgora já 4 horas de manhã.desculpe para vocés ,eu vou muito atrasado.porque minha casa não tem computador.portanto menta blog está dificil .Eu gosto este conto muito ,eu já endendi melhor,porque na aula vocés falou muito.mas eu só quero falar sobre relato de schamar, wese,sra wese e julia.Quem é julia .Agora tenho 4 ideías.
Primeiro,julía é amente de wese,mas ela é mulher de schamar também .Portanto schamar matou de wese.
Sugundo,julía é sra wese,mas ela é amante de schamar,e schamar quis morar junto com julía ,portanto matou de wese.
Terceiro,julía é outra mulher,mas ele é amante de wese,e daí sra wese soube esse fact.sra wese pagou dinheiro para scharmar e mentou matar de wese.ela não quis morar junto com wese,mas não quis outra mulher com ele .
Última ideía julía é amante de wese,ela quis casar com wese ,mas wese já tem mulher sra wese,mas wese não quis divórcio com sua esposa,portanto julía mentou schamar matou de wese.porque se ela não póde morar junto com wese,outra mulher também.
wese já morreu,quem é assassino:precisa pensar,eu gosto muito tipo de esse conto.é vocés .
Boa noite .

Unknown disse...

Oi! Gente, Sou Melissa.
Um fratricício é a história de um crime em que o assassino fica escondido esperando a vítima. Sem saber, ele está sendo observado de uma janela por um homem que não fizera nada para impedir que o crime acontecesse. Enquanto isso, a esposa da vítima o esperava em casa. Quando o viu o som do apito, soube que breve seu marido estaria em casa pois o apito significava que o trabalho terminara. Bem na esquina que dividia as duas ruas, a vítima fez uma parada quando ouviu gritarem seu nome e que ele nunca mais iria ver sua amante. O assassino agarrou pela garganta e a faca do assassino entrou em sua barriga. O assassino estava feliz pois tivera sucesso em seu feito. Depois do acontecido chegou sua esposa e com ela mais um bando de gente. A esposa quando viu o corpo do marido desmaiou em cima dele. E o assassino conseguiu escapar da polícia porque os policiais não o perceberam.

Quando eu li este conto, eu ficava medo pensando nessa situação. E eu também tive pergunta sobre um `Fratricídio´. Normalmente, o título e o conteúdo tem a relação muito forte. Então eu também pensava que Schmar e Wese são irmãos. Mas, depois de terminar esse conto, eu troquei meu pensamento. Eles são bem amigos. Então quando Schmar percebeu a situação muito ruim e irritada, ele sentiu a traição alta. Então ele matou Wese.
Como outras turmas falaram, esse conto é horrível. Mas eu senti o gelo primeiro. O ambiente é moderno e o ação dele também compacta. E ele não arrependeu sua ação. Isso me fez sentir triste primeiro. A relação terminou muito rápido tristemente.
Eu não sei como vocês sentirem. Eu quero ouvir suas opiniôes. Se tenha outra opinião ou cotrário para minha opinião, me mande e-mail. Vamos discutir.^^

Tchau! Beijos.^^

Mimi's Midnight Musings disse...

gente assim que eu vi o título do conto eu pensei na história bíblica de "caim e abel", onde schmar é caim, wese é abel, sr. wese os pais de ambos, julia a razão de inveja e pallas Deus.

(tô atrasada 11 anos, mas tenho esperança q alguém veja)

ahpg disse...

Eu vi e amei a sua interpretação.

Fran Rodrigues disse...

Na minha opinião o conto se desenvolve assim:
Sr e Sra Wese são casados. Sr Wese e Schmar são amigos (amigo, companheiro de cervejaria). Sr tem uma rotina e sai as 9h da noite para encontrar-se com a amante Júlia. A esposa dele sabe pois nesta noite ela vê que o marido está demorando para sair. Pallas, o vizinho também sabe pois espera à janela p meme tô que Wise está saindo. Schmar busca vingança (será q ele tinha um relacionamento com Julia) e o mata.
Minha maior indagação é pq Pallas permitiu? Na narração deixa claro q Schmar não estava escondendo a faca então Pallas viu da janela mas mesmo assim deixou que um crime fosse cometido.